Imprensa

08/08/2019

Centro Infantil Boldrini promove Fórum Meio Ambiente e Câncer da Criança

No próximo dia 16 de setembro, pesquisadores do Brasil, Austrália e Dinamarca se reúnem no Fórum Meio Ambiente e Câncer da Criança, que acontecerá no Centro Infantil Boldrini, em Campinas (SP), para falar sobre os impactos das das exposições ambientais associadas ao câncer pediátrico. Na pauta das discussões, serão abordados resultados das pesquisas mais recentes, sobre a influência de fatores externos ainda durante a vida intrauterina; relação entre o alto peso ao nascer e neoplasias infantis; impacto da exposição pré-natal ou após o nascimento, aos pesticidas e agrotóxicos para a saúde das crianças e adolescentes; exposição a produtos químicos no trabalho dos pais, associados ao câncer da criança; globalização e saúde pública e os desafios da nanotecnologia.

“Talvez a mensagem mais importante deste Fórum Meio Ambiente e Câncer da Criança, seja mostrar que os cientistas internacionais e nacionais estão preocupados com o aumento mundial da incidência do câncer pediátrico,  tentando construir a história epidemiológica dos tumores pediátricos, por meio de investigações prospectivas  e sistematizadas, realizadas em centros de referência mundial no tratamento de tumores pediátricos, buscando entender quais são os fatores de risco associados a tais cânceres”, comenta a organizadora do evento, Dra. Silvia Brandalise, que integra o Consórcio Internacional do Câncer da Criança, vinculado à Organização Mundial da Saúde (OMS) e ao IARC (Agência Internacional de Pesquisa do Câncer).

Referência internacional no assunto, o médico e pesquisador austraniano Terence Dwyer – Coordenador do Consórcio do Coorte Internacional do Câncer da Criança (ICCCC ou I4C) - estará no evento para mostrar os resultados obtidos pelas pesquisas deste Consórcio, que se traduz como um esforço global para compreender os fatores de risco associados ao câncer infantil da Criança. “Apesar da incidência global de câncer em crianças e adolescentes ter aumentado de forma constante no mundo, os avanços sobre a compreensão das causas envolvidas ainda são limitados, daí a necessidade de estudarmos os mecanismos moleculares que levam a essas neoplasias malignas”, explica Dwyer.

Em sua apresentação no fórum, o pesquisador abordará as descobertas recentes que evidenciam como as exposições ambientais ainda no útero podem influenciar no surgimento e desenvolvimento de doenças na infância. Dados consistentes, obtidos via pesquisa prospectiva, sugerem a relação entre exposição dos pais a agentes infecciosos, químicos e pesticidas ao surgimento de diferentes tipos de câncer, principalmente leucemia e tumores cerebrais.

Da Dinamarca, o médico e pesquisador Kjeld Schmiegelow comentará os resultados de duas pesquisas: a primeira, sobre a relação entre o trabalho dos pais em indústrias químicas e o câncer dos filhos; a segunda, sobre e a relação entre alto peso aos nascer e câncer infantil.

Estará em pauta também ao longo do evento a influência de poluentes ambientais à e sua relação com o surgimento de malformações e neoplasias, como o câncer  da criança. Pesquisadores brasileiros da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), USP (Universidade de São Paulo), UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso), UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), ABRASCO (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz), INCA (Instituto Nacional do Câncer/MS) e Ministério Público Federal e Ministério da Ciência e Tecnologia farão apresentações ao longo de todo o dia.

“Por uma questão cada vez mais atrelada a nossa própria sobrevivência, a vida no século XXI nos impõe um conhecimento e um pensamento crítico que vão muito além daqueles clássicos (mas necessários) sobre aspectos gerais da poluição do ar, do solo e das águas. Nesse sentido, torna-se cada vez mais relevante o acesso a informações sobre formulações químicas nocivas à saúde humana relacionadas a produtos, materiais e bens de uso comum, presentes em nosso dia a dia como inseticidas, repelentes, cosméticos, tecidos sintéticos, tubos PVC, dentre muitos outros que, por absoluto desconhecimento, tem seus riscos totalmente ignorados por nós”, comenta a pesquisadora Sônia Hess, da UFSC, uma das palestrantes.

“Muito mais do que cumprir o propósito de informar, as pesquisas mais recentes e a disseminação desse tema cumprem também o papel de despertar em cada um de nós o desejo de rever velhos hábitos de consumo, inclusive no plano alimentar”, complementa a pesquisadora.

Nesse sentido, as discussões do Fórum Meio Ambiente e Saúde Câncer da Criança irão destacar as descobertas da ciência, sobre como os fatores de risco associados ao modo de vida e ao ambiente, podem estar associados com o potencial de adoecimento dos indivíduos, e mais especificamente com  o grupo mais vulnerável, as crianças. Entre eles: poluição hídrica, exposição a produtos químicos no trabalho, uso indiscriminado de agrotóxicos, pesticidas domésticos e consumo de aditivos alimentares, entre outros.

Globalização, crescimento econômico e saúde pública também terão espaço nas apresentações. “Para entender um pouco esse assunto como um todo, é preciso ainda pensarmos nos problemas ambientais e de suas repercussões sobre a saúde humana e os ecossistemas, contemplando também críticas ao modelo de desenvolvimento vigente, à legislação e à sua aplicação no país”, avalia o professor Luiz C. M. Filho, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP, também participante do encontro.

A expectativa é que o evento reúna 500 pessoas, entre pesquisadores, vindos de todo o país. Para se inscrever, basta acessar https://bitt.com.br/evento/exibir/87


Confira abaixo a programação completa do Fórum Meio Ambiente e Câncer da Criança 

8h30 - Consórcio Internacional do Câncer da Criança: um esforço mundial. Terence Dwyer (ICCC) 

9h - Os agrotóxicos e seus prejuízos à saúde humana: incertezas mensuráveis ou certezas imensuráveis? Larissa M. Bombardi (USP/SP)

9h30 - Possíveis causas ambientais das neoplasias e outros agravos à saúde das crianças. Sonia C. Hess (UFSC)

10h - Oncologia pediátrica e Investigações científicas em população vulnerável. Maria S. Pombo de Oliveira (INCA)

10h30 - Coffee break

11h - Exposição no ambiente de trabalho dos pais e o câncer das crianças. Kjeld Schmiegelow, MD Copenhagen (Dinamarca)

11h30 - Projeto Infância e poluentes ambientais. Projeto Pipa UFRJ. Carmen I.R. Fróes Asmus (FIOCRUZ)

12h - Uso sustentável dos agrotóxicos: visão da União Europeia e do Brasil. Marcia S. Gonçalves. (M.C.T.)

12h30 - Associação entre agrotóxicos e mal formações congênitas. Lidiane S. Dutra (FIOCRUZ, RJ)

13h - Almoço

14h - Genotoxicidade e Teratogênese: o preço a ser pago.  Wanderley A. Pignati (FIOCRUZ, ABRASCO)

14h30 - O Mundo em descontrole: o que a globalização está fazendo por nós? Gastão Wagner de S. Campos (UNICAMP/ABRASCO)

15h - Fornecimento e difusão da informação sobre exposição ambiental e acompanhamento. Jackson R. Barbosa (UFMT)

15h30 - Dimensões éticas, culturais, políticas e legais do capitalismo e colapso ambiental. Luiz C. M. Filho (IFCH da UNICAMP 

16h - Coffee break

16h30 - Mesa redonda: a civilização de risco - catástrofes tecnológicas e responsabilidade social. Coord.: Cristina Serra  • O mito do uso seguro dos agrotóxicos. Leomar Daroncho (M.P.F.) • As ambiguidades do aceitável: percepção dos riscos e controvérsias sobre a tecnologia.  Fernando Gallembeck (Inst. Química da UNICAMP)

17h30 - Leitura da carta Campinas

18h – Encerramento


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