Não desistir dos seus sonhos, apesar de todas as adversidades.
Essa foi uma das maiores lições que o mineiro Oziel de Oliveira Costa Junior,
hoje com 20 anos, tirou dos quase três anos e meio de tratamento no Centro
Infantil Boldrini. O jovem prestou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e
fez duas olimpíadas de matemática dentro do hospital, com a ajuda da equipe de
pedagogia. Entrou na faculdade de enfermagem em 2018, mas não abandonou a
vontade de estudar medicina. Neste ano, o sonho do jovem se realizou e ele
ganhou bolsa no Centro Universitário de Pato Branco.
“Eu
sempre gostei de estudar. Na minha infância, morava na zona rural e percorria
12 quilômetros para ir e outros 12 quilômetros para voltar da escola lá em
Goiabeira, Minas Gerais. Era fã de Ciências e Matemática. Tanto que no 6º ano
comecei a fazer a OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) e sempre
quis ganhar uma medalha”, explica o aluno de Medicina.
Aos 16 anos, Oziel começou a se sentir mal e tempos
depois foi diagnosticado com leucemia. “Minha família deixou Minas e foi comigo
para o Boldrini começar o tratamento. Dei minha entrada no hospital em abril de
2016 e, logo em seguida, descobri a equipe de pedagogia do Boldrini. Dentro do
hospital não desisti das Olimpíadas de Matemática nem do vestibular. A equipe
de pedagogia me ajudou nas inscrições e fiz no hospital a OBMEP e o Enem.
Naquele ano, estava internado no dia da olimpíada e a médica me liberou para
fazer a prova fora do leito, em uma sala mais adequada, e voltar. Consegui a
terceira menção honrosa em 2016”, lembra.
Mas o desejo de receber uma medalha na olimpíada não saia da
cabeça de Oziel. Tanto que em 2017, o rapaz pediu à equipe de pedagogia para
fazer novamente sua inscrição na disputa. “Fui medalhista de bronze. Aquilo
significou muito para mim. Estava no meio do meu tratamento e consegui ficar na
nata dos estudantes, entre milhões”, recorda emocionado do feito.
O ano de 2018 chegou e com isso veio o vestibular.
Oziel precisava prestar o Enem para valer agora. “Me preparei dentro do
hospital, com a equipe de pedagogia sempre presente, me ajudando com aulas e
material. Em agosto as minhas sessões de quimioterapia terminaram, mas segui
com a equipe do hospital para me preparar. Passei na PUC-Campinas em Enfermagem
e ganhei bolsa de estudo. Mas ainda não estava 100% realizado. Fiz cursinho
enquanto frequentava a faculdade e neste ano, realizei o sonho de passar na
faculdade de medicina. Hoje sou aluno bolsista, graças à nota do Enem, no
Centro Universitário de Pato Branco”, conta animado.
O jovem tem a certeza de que sua paixão pelo estudo
foi essencial nesta conquista e que permitir que a doença não vencesse seus
sonhos foi primordial, mas também destaca a ajuda que teve da equipe do
Boldrini. “As pedagogas foram muito importantes durante todo esse processo e o
Boldrini foi minha escola durante meus três anos de tratamento. Sou muito grato
por ter tido esse incentivo”, finaliza o calouro de medicina que quer ser
endocrinologista ou hematologista ao final dessa jornada.